Adolescência, uma fase de descobertas, de construção. Quem eu sou? Quem quero ser? O que as pessoas pensam de mim? Não sei se foi assim com você, mas essas perguntas martelavam na minha cabeça todo santo dia. Não tenho mais quinze anos de idade já faz um tempo, as respostas para essas perguntas não vieram rápido, tive que errar muito por ai, como por exemplo, ouvir músicas que eu não gostava só porque tava todo mundo ouvindo, ou então vestir roupas que estavam na moda e enfim, pra não chamar atenção eu tentei ser igual a todo mundo.
Por muito tempo encarei ser diferente como um problema, eu achei que por não ser tão parecida com todos os outros adolescentes, eu acabaria sozinha sem amigos, que não me encaixaria em nenhum grupo e minha vida ficaria ainda mais complicada do que ela já era. Mas já que minhas tentativas de ser igual estavam dando cada vez mais errado, eu escolhi trilhar um caminho diferente, ser quem eu realmente desejava. Acho que amadureci mais rápido que minhas amigas, acho isso desde meus oito anos de idade, quando eu só queria conversar sobre coisas de adulto, até hoje rio disso.
Me libertei dos conceitos, respirei fundo e fui caminhando em direção ao meu eu de verdade, assumi que gosto de música velha, que ouço Ritchie e Belchior, que não vou para festa pra ficar paquerando, que gosto de ler romance policial e não contos de fada, que sou vaidosa, mas não tenho nenhum problema em sair de casa sem nenhuma maquiagem, ou sem pentear o cabelo, que ando engraçado e tenho dificuldade de andar de salto alto.
Ainda tenho dificuldade em assumir alguns gostos, tenho medo das pessoas, porque elas sempre vão falar de você, da sua roupa, do seu cabelo, do que você escreve, vão criticar até o que você pensa, mas ser você mesma não é uma opção, porque por mais que você finja a verdade sempre vai aparecer. Afinal para que os outros me aceitem, eu tenho que fazer isso primeiro, não é?
Texto produzido para minha coluna Tipo Assim
do site Proparnaiba, link na coluna aqui do lado ->